Descubra qual raça de cachorro vive mais

Novas pistas sobre longevidade canina e o que você pode fazer para dar mais tempo de qualidade ao seu pet Uma análise inédita com mais de 500 mil cães monitorados no Reino Unido acaba de atualizar o ranking das raças que vivem por mais tempo – e, de quebra, reforça cuidados essenciais que todo tutor deve adotar. A pesquisa, liderada pela cientista de dados Kirsten McMillan e publicada na Scientific Reports em 2024, revela que tamanho corporal, formato do focinho e sexo pesam muito na expectativa de vida canina. Depois de peneirar meio milhão de prontuários, a equipe encontrou uma mediana geral de 12,5 anos para todos os cães – mas as curvas se separam logo depois do primeiro decimal. Raças puras agora saem ligeiramente na frente dos cruzamentos: 12,7 anos contra 12,0 anos, diferença estatisticamente significativa. Esse dado surpreende porque contraria a velha crença no “vigor híbrido” que, em teoria, protegeria mestiços de genes ruins. O sexo continua fazendo pequena diferença: fêmeas chegam a 12,7 anos, machos ficam em 12,4 anos. Já o porte confirma a lógica biomecânica: cães pequenos vivem cerca de 12,7 anos, médios 12,5 e grandes 11,9 anos. Mas o formato do focinho impõe um corte ainda mais visível: braquicefálicos, mesmo entre pequenos e médios, ficam em 11,2 anos, quase 1,5 ano abaixo da média global Qual raça de cachorro vive mais? Na ponta da vitalidade, aparecem raças pequenas de focinho longo ou intermediário. A campeã absoluta é o Lancashire Heeler (15,4 anos), seguido pelo Tibetan Spaniel (15,2 anos) e pelo Shiba Inu (14,6 anos). Logo atrás vêm Papillon, Lakeland Terrier, Schipperke, Border Terrier, Italian Greyhound e Dachshund Miniatura, todos com medianas de 14 anos ou pouco mais e riscos de morte precoce 30–50 % menores que a referência de cruzados No extremo oposto estão raças gigantes ou braquicefálicas pesadas. O pior resultado ficou com o Caucasian Shepherd Dog (5,4 anos), seguido de Presa Canario (7,7) e Cane Corso (8,1). Mastiffs em geral, São Bernardo e Bloodhound não passam muito de 9 anos, enquanto Bulldog Inglês e Bulldog Francês, apesar de menores, estacionam na mediana de 9,8 anos, com riscos de morte precoce até 2,2 vezes maiores que um cão cruzado médio Como fazer seu cão viver mais? Se por um lado a genética coloca algumas cartas na mesa, por outro, nosso estilo de cuidado pode virar o jogo — e não estamos falando de nenhum segredo guardado a sete chaves. Check-ups regulares A lição número um é manter check-ups regulares. Um cão saudável e jovem deve visitar o veterinário pelo menos uma vez por ano; já adultos idosos ou braquicefálicos merecem uma avaliação semestral, para flagrar cedo alterações cardíacas, respiratórias ou dentárias. Saúde Bucal Nesse ponto, convém lembrar que a saúde bucal, muitas vezes subestimada, tem impacto direto nas demais: gengivite crônica e acúmulo de tártaro podem desencadear bactérias na corrente sanguínea, prejudicando fígado, rins e coração. Escovar os dentes do seu cão algumas vezes por semana e investir em brinquedos mastigáveis que auxiliam na limpeza natural são atitudes simples, mas poderosas. Alimentação saudável A alimentação vem logo em seguida como pilar de longevidade. Rações premium balanceadas, dietas naturais formuladas por nutricionistas veterinários ou combinações das duas abordagens reduzem o risco de obesidade e fornecem antioxidantes que combatem o envelhecimento celular. Petiscos ultraprocessados, ricos em sódio e corantes, devem ser exceção, não regra. Alguns tutores, temendo “agradar” o cão, oferecem restos de mesa ou pãozinho na padaria, mas é justamente essa prática que abre a porta para diabetes, sobrepeso e pancreatite — doenças que encurtam a vida e pioram drasticamente o bem-estar do animal. Exercício físico O terceiro pilar é o exercício físico, adaptado a idade, clima e condição individual. Cães atléticos como Border Collies ou Whippets precisam de sessões diárias de corrida moderada para manter a musculatura em forma e gastar energia mental; já Buldogues, Pugs e cães idosos se beneficiam mais de caminhadas curtas em horários frescos, combinadas a momentos de estimulação cognitiva, como brinquedos de estratégia ou adestramento leve. O importante é encontrar o ponto de equilíbrio entre cansaço saudável e sobrecarga. Mesmo para raças que não nasceram para maratonar, o movimento cotidiano previne artrose, mantém a pressão arterial sob controle e libera endorfinas que combatem depressão e ansiedade canina — sim, eles também sentem! Gerenciamento de peso Por fim, mas não menos decisivo, está o gerenciamento de peso. Um estudo da Universidade de Liverpool calculou que cães acima do peso ideal podem perder até dois anos de expectativa de vida em comparação a cães magros. E não é só o relógio que corre mais rápido: a qualidade desses anos extras também despenca, porque o excesso de gordura pressiona as articulações, acelera a degeneração cardíaca e piora patologias respiratórias preexistentes. Aqui, a orientação do veterinário é imprescindível para ajustar porções, escolher dietas de controle calórico e instituir atividades físicas seguras. Por fim… A pesquisa reforça verdades que, no fundo, todos nós conhecemos instintivamente: assim como entre os humanos, viver muito não é obra do acaso ou de uma fonte da juventude escondida no quintal, e sim o resultado de uma combinação de genética razoavelmente favorável com atitudes diárias consistentes. Raças como Lancashire Heeler, Spaniel Tibetano e Dachshund Miniatura contam, sim, com uma vantagem biológica — mas essa vantagem se concretiza apenas quando recebe combustível de qualidade, revisões periódicas no veterinário e a dose certa de movimento e afeto. Portanto, se você quer que seu cãozinho não apenas some anos ao calendário, mas permaneça correndo atrás da bolinha, abanando o rabo e distribuindo lambidas em seus velhos e bons 12, 14 ou mesmo 16 anos de idade, a receita está ao seu alcance: prevenção, equilíbrio na dieta e exercícios, além de atenção redobrada às particularidades da raça que mora na sua casa.