Catarata em Cachorro: Causas, Sintomas, Tratamento e Custos

catarata cachorro

A catarata em cães é uma doença nos olhos que afeta o cristalino, que é como se fosse uma lente dentro do olho. Essa lente fica opaca e esbranquiçada, esverdeada ou azulada, atrapalhando a visão do cachorro.

Isso impede que a luz passe de forma adequada até a retina, resultando em visão turva e, se não for tratada, pode evoluir para cegueira total. 

A catarata pode acontecer em um ou nos dois olhos do cachorro e pode se desenvolver rapidinho, em poucas semanas, ou mais lentamente, durante meses ou até anos.

É importante destacar que nem toda alteração de cor no olho significa que se trata de uma catarata. Em cães idosos, por exemplo, pode ocorrer a esclerose nuclear ou lenticular, que dá aos olhos um tom azulado, mas não compromete significativamente a visão, não necessitando de tratamento. Entretanto, deve-se atentar-se e realizar o acompanhamento, já que a mesma pode evoluir para catarata. 

Por outro lado, a catarata verdadeira afeta seriamente a função visual e tende a piorar com o tempo.

Graus de maturidade da catarata em cães

A catarata é uma doença progressiva que pode se apresentar em diferentes graus de maturidade, dependendo da quantidade de opacidade no cristalino. 

1. Catarata incipiente (ou facoesclerose)

  • O que é: É o estágio inicial da catarata.
  • Características: Apenas uma pequena parte do cristalino está opaca (menos de 15% da lente, geralmente). Pode ser confundida com esclerose nuclear, uma alteração normal da idade que não prejudica a visão.
  • Sinais visuais: Pode haver leve embaçamento no olho, mas o cão enxerga normalmente ou com pouca perda de visão.
  • Conduta: Geralmente não há urgência cirúrgica. A catarata pode ser monitorada com exames regulares.

2. Catarata madura

  • O que é: Quando o cristalino está completamente opaco.
  • Características: A lente perdeu toda sua transparência, impedindo totalmente a passagem da luz até a retina.
  • Sinais visuais: O cão está praticamente cego no olho afetado. É comum esbarrar em objetos e ter dificuldade para se orientar.
  • Conduta: Essa é a fase ideal para realizar a cirurgia de facoemulsificação, desde que o restante do olho esteja saudável.

3. Catarata hipermadura

  • O que é: Estágio avançado da catarata madura, com degeneração do cristalino.
  • Características: O conteúdo do cristalino começa a se liquefazer e a cápsula anterior (membrana que envolve a lente) fica contraída e com pregas visíveis. Pode haver inflamação intraocular (uveíte) secundária.
  • Sinais visuais: Visão ausente. Em alguns casos, o olho pode apresentar dor, inflamação e risco de glaucoma secundário.
  • Conduta: A cirurgia ainda é possível, mas se torna mais complexa e com maior risco de complicações. Nem todos os cães com catarata hipermadura são bons candidatos à cirurgia.

Sintomas da Catarata em cachorro

Olhos que apresentam tonalidades azuladas ou esbranquiçadas são um indicador clássico de catarata madura em cães, evidenciando a opacificação do cristalino e a consequente redução da visão.

Os sintomas que os tutores podem identificar abrangem alterações visuais e comportamentais, tais como:

  1. Olho opaco, azulado ou branco

O cristalino, centro do olho, pode adquirir uma coloração acinzentada, azulada ou branca, visível a olho nu. Em alguns casos, o olho pode exibir uma espécie de “névoa” ou manchas brancas atrás da pupila.

  1. Sensibilidade à luz (fotofobia)

Cães com catarata podem se sentir desconfortáveis em ambientes excessivamente iluminados, evitando locais com luz forte.

  1. Lacrimejamento e secreção

É comum notar um aumento nas secreções oculares e lacrimejamento, frequentemente acompanhados de vermelhidão, em decorrência da irritação causada pela catarata ou de inflamações secundárias.

4. Dificuldade de visão e desorientação

Conforme a catarata avança, o animal passa a ter problemas para perceber obstáculos, esbarrando em móveis, paredes e degraus. Essa dificuldade pode ainda se manifestar na incapacidade de localizar brinquedos ou reconhecer pessoas à distância.

5. Mudanças de comportamento

A perda de visão pode gerar insegurança. O pet pode evitar subir em sofás ou descer escadas, apresentar maior ansiedade, se tornar mais quieto ou até demonstrar agressividade devido à desorientação. 

Em alguns casos, a situação pode levar à depressão, diminuição do apetite e à preferência por manter-se imóvel, especialmente quando a visão está significativamente comprometida.

Conforme a catarata evolui, esses sintomas podem se agravar. 

Principais causas da catarata em cachorros

A catarata canina pode surgir por vários motivos, que vão desde fatores genéticos até problemas de saúde mais amplos. 

Genética e Idade

A causa mais frequente é a hereditária. Muitas cataratas são congênitas, o que significa que o cão já nasce predisposto a desenvolvê-las, especialmente em raças específicas. 

Além disso, cães mais velhos costumam ter a chamada “catarata senil”. Geralmente, nesses casos, a opacificação é pequena, evolui devagar e pode não levar à cegueira completa.

Predisposição de Raça

Algumas raças têm maior tendência a desenvolver catarata. 

Entre elas, destacam-se: 

  • Poodle
  • Cocker Spaniel (tanto americano quanto inglês)
  • Schnauzer miniatura
  • Yorkshire Terrier
  • Golden Retriever
  • Labrador
  • Husky Siberiano
  • West highland white terrier. 

Nestes cães, a doença pode aparecer ainda jovem, com casos de catarata juvenil ocorrendo antes dos 6 anos de idade.

Diabetes

O diabetes é a segunda causa mais comum de catarata em cães. Alterações metabólicas associadas à doença podem provocar o desenvolvimento rápido e bilateral da catarata. 

Cerca de 75% dos cães diabéticos desenvolvem catarata no primeiro ano após o diagnóstico, com o cristalino ficando esbranquiçado em poucas semanas se houver descontrole dos níveis de glicose.

Doenças Oculares Inflamatórias

Inflamações dentro do olho, como uveítes, e problemas na retina – por exemplo, a Atrofia Progressiva da Retina (PRA) – podem desencadear catarata.

Doenças como o glaucoma também podem levar à opacificação do cristalino. Infecções (como as transmitidas por carrapatos) ou traumas leves podem iniciar essa reação inflamatória que, com o tempo, resulta em catarata.

Trauma e Lesões

Qualquer golpe ou ferimento nos olhos pode danificar o cristalino, provocando inflamações severas e, consequentemente, catarata. 

Em casos extremos, quando a cápsula da lente é rompida, a opacificação é praticamente certa. Alguns medicamentos ou toxinas, embora raramente, também podem estar envolvidos nesse processo.

Causas Nutricionais e Outras

A catarata causada por nutrição, embora seja menos frequente hoje em dia, ainda pode ocorrer em filhotes que não recebem uma nutrição adequada, devido à carência de nutrientes essenciais.

Exposições prolongadas à radiação como, por exemplo, tratamentos de radioterapia na região ocular e malformações congênitas do olho também podem contribuir para o desenvolvimento da catarata.

A catarata também pode ser desenvolvida por conta de defeitos congênitos nos olhos e por longas exposições à radiação, como em casos de radioterapia na região ocular.

Como a catarata canina é diagnosticada?

Um exame oftalmológico completo é o primeiro passo para diagnosticar a catarata em cães.

São usados instrumentos como a lâmpada de fenda e o fundoscópio. Assim, o veterinário avalia a saúde das estruturas oculares – desde a córnea até o cristalino – identificando a opacidade característica da catarata e diferenciando-a de outras alterações, como a esclerose nuclear, comum em cães mais velhos.

Além da avaliação direta, o especialista realiza a tonometria para medir a pressão intraocular, o que é fundamental para detectar possíveis complicações, como o glaucoma. 

Quando a opacidade do cristalino impede a visualização adequada do fundo do olho, o ultrassom ocular se torna uma ferramenta indispensável para verificar a integridade da retina. 

Em alguns casos, a eletrorretinografia (ERG) é utilizada para avaliar a funcionalidade da retina por meio da medição da atividade elétrica diante de estímulos luminosos.

Caso a cirurgia seja necessária, exames pré-operatórios gerais – como análises de sangue e eletrocardiograma – são realizados para assegurar a saúde sistêmica do cão e a segurança durante a anestesia. 

Junto com o histórico clínico do animal, esses exames determinam o melhor plano de tratamento, garantindo que o diagnóstico seja preciso e a abordagem terapêutica, a mais adequada para cada caso.

Mas lembre-se de sempre se consultar com um profissional veterinário de confiança que liderará a melhor forma de diagnosticar o seu cãozinho.

Tratamento da Catarata em cães 

Atualmente, não existe nenhum remédio ou colírio capaz de eliminar a catarata em cães. 

O tratamento medicamentoso, embora possa ajudar a controlar inflamações e complicações – como uveíte ou o risco de glaucoma –, tem caráter apenas paliativo, ou seja, não reverte a opacificação do cristalino. 

Em cães com diabetes, por exemplo, o controle rigoroso da glicemia é essencial para frear o avanço da catarata, mas também não faz com que ela desapareça.

A cirurgia de catarata é o único método eficaz para restaurar a visão, sendo indicada principalmente quando a opacidade já compromete a qualidade de vida do animal. 

O procedimento consiste na remoção da lente opaca, e, quando possível, na implantação de uma lente intraocular artificial, permitindo que o cão volte a enxergar normalmente. Essa abordagem cirúrgica é especialmente recomendada para casos em que a catarata progride rapidamente.

Em situações em que a cirurgia não é viável – por exemplo, em cães muito idosos ou com condições de saúde que contraindiquem a anestesia – o foco passa para os cuidados paliativos

Como, por exemplo, adaptações no ambiente doméstico, com mobiliário fixo e referências sensoriais como tapetes ou cheiros. 

Perguntas Frequentes

Quando é a cirurgia de catarata indicada?

A cirurgia de catarata em cães é recomendada quando a perda de visão se torna significativa e passa a afetar a qualidade de vida do animal   ou quando há risco de complicações, como inflamação e aumento da pressão ocular. 

Em geral, a intervenção é indicada para casos em que a catarata já atingiu um estágio avançado – como a catarata madura ou hipermadura.

A decisão de operar depende da idade, saúde geral do cão e dos resultados dos exames oculares; nem todos os pacientes são candidatos, principalmente se a retina já estiver comprometida ou se houver condições que contra indiquem a anestesia.

O procedimento tem uma alta taxa de sucesso, entre 85% e 90% dos cães operados tem uma visão com pressão intraocular normal em ao menos um ano após a cirurgia, mesmo que não 100% do que tinham anteriormente. 

A visão pode não voltar totalmente e pode apresentar um leve embaçamento ou redução de contraste, especialmente em casos avançados. Mas a ideia é permitir que ele volte a brincar, correr e se movimentar com segurança. 

A eficácia do resultado também depende dos cuidados pós-operatórios e do estágio da catarata no momento da cirurgia.

Apesar dos riscos como infecção, hemorragia e descolamento de retina, estes são raros e podem ser reduzidos com exames, técnica e acompanhamento adequados.

Por isso, converse com um veterinário oftalmologista para avaliar os benefícios e riscos no caso específico do seu cão, garantindo que a intervenção seja feita no momento certo e da forma mais segura possível.

Catarata em cachorro tem cura?

Sim, a catarata em cães tem cura, mas a única forma de tratá-la é por meio de cirurgia. Essa intervenção remove a lente opaca, restaurando a passagem da luz e, geralmente, permitindo que o pet recupere a visão.

No entanto, é importante entender que o sucesso da cirurgia depende da saúde geral do olho. Para que o cão volte a enxergar bem, outras estruturas oculares – em especial, a retina e o nervo óptico – precisam estar saudáveis. 

Quando a catarata é diagnosticada precocemente e o animal é apto à cirurgia, as chances são maiores.

Sem a intervenção cirúrgica, a catarata não apresenta cura espontânea e tende a piorar com o tempo. 

É possível reverter a catarata em cães?

Não, uma vez formada, a catarata não pode ser revertida ou “dissolvida” por tratamentos convencionais, como colírios ou medicamentos. 

Embora, em estágios iniciais, a catarata possa permanecer estável por um tempo, a opacificação do cristalino – causada por alterações irreversíveis nas proteínas – só pode ser removida com cirurgia. 

Importante lembrar que medidas como o controle do diabete podem retardar a progressão, mas não eliminam a opacidade já instalada.

Qual remédio existe para catarata em cachorro?

Atualmente, não existe nenhum remédio que “cure” a catarata em cães. 

Produtos vendidos como colírios antioxidantes ou outros suplementos não têm comprovação científica e, na prática, apenas ajudam a controlar complicações associadas, como inflamação, uveíte ou glaucoma. 

Os colírios prescritos pelos veterinários servem para manter o olho em melhores condições ou para tratar complicações, mas não conseguem reverter o processo de opacificação do cristalino.

Valor da cirurgia de catarata em cachorro no Brasil

A cirurgia de catarata, que é o único tratamento efetivo para restaurar a visão, tem custos variáveis no Brasil. 

Em média, o preço por olho situa-se entre R$ 2.500 e até R$ 20.000, podendo aumentar com base em fatores como localização, tecnologia utilizada, especialização da equipe e exames pré e pós-operatórios.

Como prevenir a catarata em cachorro?

Embora não possamos prevenir totalmente a catarata em cães, podemos atrasar o seu aparecimento com algumas medidas. É super importante manter doenças como a diabetes sob controle rigoroso para evitar o rápido desenvolvimento da catarata diabética. Além disso, check-ups oftalmológicos anuais são uma ótima ideia, principalmente para aqueles cãezinhos de raças mais propensas ou já mais velhinhos.

Também é importante evitar traumas oculares, pois qualquer lesão pode predispor o animal a desenvolver problemas nos olhos. 

Além disso, sempre mantenha as vacinas do seu cachorro em dia para protegê-lo de infecções que podem causar uveíte ou outros problemas nos olhos.

Mesmo com esses cuidados, cães com predisposição genética para catarata podem desenvolvê-la, já que a hereditariedade desempenha um papel significativo na doença. 

Por isso que é super importante levar o seu cãozinho para check-ups regulares com o veterinário. Assim, qualquer problema nos olhos, como a catarata, pode ser detectado logo no início, e o tratamento mais adequado pode ser iniciado para que ele continue enxergando bem e feliz!

Disclaimer: As informações compartilhadas neste conteúdo têm caráter informativo e não substituem a orientação de um médico-veterinário. Cada pet é único, e recomendamos sempre uma avaliação profissional para decisões sobre saúde e bem-estar.